domingo, 24 de junho de 2012


Cap 1 – Por uma definição de astrologia

1. O principal caráter da astrolgia tradicional em contraposição a astrologia moderna é que ela nunca foi uma ciência completa em si mesma, antes, ela depende do aprendizado de suas ciências mães e irmãs.
2. Qualquer tentativa de dissocia-la implica numa visão caricatural.
3. É um erro de análise fenomenológica dissociar a astrologia de suas correlatas, isso implica e distorcer sua real imagem, sentido e propósito.
4. São as ciências mãe da astrologia
a. Filosofia
b. Teologia
c. Metafísica
5. Estas são a origem de seus princípios e fundamentos
6. São as ciências irmãs da astrologia
a. gramática,
b. música (ou estética em geral),
c. lógica,
d. retórica,
e. aritmética
f. geometria
7. Estas partilham com a astrologia uma contiguidade em função de convergirem aos mesmo princípios, o que lhes permite formar uma perspectiva de mundo epistemológicamente válida.
8. O Astrólogo deve ser capaz de enunciar os princípios teológicos, filosóficos e metafísicos que fundamentem as regras que aplique
9. Além disso, todo esse conhecimento deve convergir numa síntese organizada ao derredor do Intelectus primus, o Verbo ou Logos divino.
10. O astrólogo deve ser um homem de espiritualidade,  e seus conhecimentos devem ser integrados no eixo de uma realização espiritual pessoal
a. Nota:  era esta mesma síntese que muitos ocultistas defendiam, talvez de forma menos refinada e elegante que a do filosofo O.C.
11. Essa integração tem por atributos que a acompanham
a. piedade,
b. retidão interior inflexível,
c. obediência antes à voz do Intelecto do que as demandas da mundanidade e do bom-tom
12. As ciências irmãs correspondem cada uma a um dos planetas astrológicos
Lua gramática
Marte música
Mercúrio lógica
Júpiter geometria
Vênus retórica
Saturno astrologia
Sol aritmética

13. A falha no conhecimento destas implica numa falha da compreensão do simbolismo astrológico
14. Igualmente um musico que ignora o simbolismo astrológico das notas musicas faria com que sua musica apenas restajasse em sentimentos corriqueiros incapaz de elevar-se a colaboração na grande sinfonia cósmica
15. O fim de todas as ciências tradicionais não é outro senão colaborar na obra divina
16. É apanágio de todas as civilizações rotuladas como Tradicionais ou Arcaicas, um alto grau de síntese em seu modus congnoscendi. Toda expressão cultural de seu conhecimento é ampla e organicamente vinculada a uma série de princípios que embasam esse conhecimento.
17. Em razão disso, existe um previlégio no uso de símbolos no lugar do discurso.
a. Nota: os símbolos constituem em si mesmos, os pontos de intersecção lógica entre uma forma de conhecimento e outra.
18. Isso implica em duas coisas:
a. o conhecimento tradicional torna-se intraduzível a visão fragmentária moderna
b. o aprendizado das ciências tradicionais implica numa transformação pessoal do indivíduo que deve aderir ao modus congnoscendi proposto
19. A astrologia é coerente a todas as produções humanas e formas de perceber do psiquismo pois é o modelo natural que se apresenta ao homem como ferramenta de alocação espacial,
20. Por sua vez o psiquismo humano se acopla ao modelo astrológico pois todas as estruturas psíquicas e representações se formam a partir do seu ambiente
21. o estruturalismo, o funcionalismo, a dialética, o enfoque sistêmico e quantos mais modelos explicativos as ciências humanas têm proposto nos últimos decênios não são mais do que aplicações parciais, fragmentárias e mutuamente isoladas, de possibilidades intelectivas que, no corpo simbólico da astrologia, são oferecidas todas de uma vez e organicamente integradas.
22. Exemplos do uso da metologia astrológica na síntese de conhecimento
a. Ars magna – Raimundo Lúlio
b. A Enciclopédia dos irmãos da Pureza
c. Cosmologia de Santo Isidoro
d. Cosmologia de João Escoto Erígena
e. A organização do conhecimento por Boétius
23. Timeu
“De todas as especulações que atualmente se podem fazer sobre o mundo, nenhuma teria sido possível se os homens não tivessem visto nem os astros, nem o Sol, nem o Céu. Porém, na situação efetiva, existem o dia e a noite, os equinócios, os solstícios,
coisas que nos deram o conhecimento do número e nos permitiram especular sobre a essência do universo. Graças a isso foi nos dada essa espécie de ciência, da qual se pode dizer que nenhum bem maior foi jamais dado ao homem... O motivo pelo qual Deus criou a visão foi seu pre-conhecimento de que, tendo nós humanos observado os movimentos periódicos e regulares da inteligência divina nos céus, poderíamos fazer uso deles em nós mesmos: tendo estudado a fundo esses movimentos celestes, que são partícipes da retidão da inteligência divina, poderemos então ordenar por eles nossos próprios pensamentos, os quais, deixados a si mesmos, não cessam de errar. ”

O Espírito sopra onde quer...



O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 
João 3:8



Nos últimos dias esse trecho do evangelho tem ressoado em minha mente, e se feito visível em diversos estudos ou mesmo em momentos de diversão. Recentemente assisti ao filme Amadeus que conta a história do conflito entre Mozart e Salieri. O maior desejo de Salieri era tornar-se um tradutor da obra divina na terra, imortalizando-se por sua obra musical. Contemporaneamente a ele, surge Mozart, a quem Salieri imediatamente reconhece um verdadeiro colaborador da divindade por sua composições. Contudo, diferentemente de Salieri cuja vaidade e ambição impeliram a uma vida cheia de promessas e falsa piedade, Mozart é avesso a todos esses modos, sendo nas palavras de Salieri uma criança vulgar e obscena. A perplexidade de Salieri reside na sua incapacidade de compreender como alguém como Mozart poderia ter atingido aquilo que em anos de devoção pia ele falhara em conseguir. Logo Salieri se ve consumido pela inveja, volta-se contra Deus e tenta sob todas as formas destruir Mozart em sua falsa amizade, até que ele consegue. Essa destruição entrentanto, torna-se a cristificação de Mozart que morre tragicamente ainda em sua juventude, imortalizado-se por sua obra enquanto Salieri vive para ver o sucesso póstumo de seu rival e o simultâneo esquecimento de sua própria obra.

É notavel que Salieri tenha rezado e feito promessas a Deus para tornar-se o eleito, mas quando o eleito se apresentou diante dele ele não soube aproveitar desta graça. Ele não soube compreender a mensagem que dizia "você nao precisa imitar um santo qualquer, nem se castrar ou se restringir para ser meu eleito, você precisa apenas realizar a obra, e para realizar a obra você precisa apenas ser..." Essa é uma mensagem por vezes dificil de compreender e são frequentes os exemplos na vida e na literatura que implicam nesse gênero de desfecho. Não se tratava pois de seguir convenções mas de ser, de emular a si mesmo. Neste espírito volto a publicar os estudos sobre a obra atrológica do Filósofo Olavo de Carvalho. Este homem com língua e pena tão afiados para atacar os ocultistas, tem ao meu ver, sem duvida, o sobre de Elias Artista ressoando em sua alma, o verdadeiro espírito Rosa Cruz. Furto-me ao erro de Salieri e continuo o estudo de sua obra ad majorem Dei Gloriam et ad bonorum humanitatis.